segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Para comerte mejor- humor erótico de Candelária Silvestre - 23 de outubro na Galeria!




o microscópio e a luneta


assim, como no meio do nada (sempre em paisagens onde o gesto da "cande" deixou um rasto de pasto ou cortadeiras, de terra molhada ou charcos de lama, mangues ou lodazais) surgem estáticas estas figuras ambíguas de mulheres com pinto, (ou homens com seios conforme o gênero a observar) absolutamente sozinhas mas sempre pousando para um observador que certamente é a artista que as retrata e, se estamos observando esta perturbadora cena, é porque ocupamos agora exatamente a posição que ela ocupava quando as pintou.


assim frente a estas telas, cujo tamanho facilita a imersão do observador e cujo realismo fantástico permite acreditar nelas, entrar nelas, conviver e quem sabe se apaixonar porque uma mulher nua é sempre atraente e neste caso, por uma via enviesada, ao aproximar a mão para enfiar o dedo numa vulva úmida estaremos encostando a palma no pau que elas ostentam com certo ar natural, desavisadas e ingenuamente naturais.


penso estar nessa surpresa a intenção destas pinturas, na terra que treme, no chão que cede, no equilíbrio que desaparece e nos deixa também nus, procurando a nossa identidade que por um momento desapareceu.


menudo papel este que cabe à arte que candelaria provoca com uma pintura que parece enfatizar o ambíguo, desequilibrar o nosso olhar e a nossa emoção com recursos pictóricos apurados onde convivem o despojamento de traços casuais violentos e rítmicos dos fundos com o delicado tratamento do corpo humano, emprestado da cultura pop mas com um certo olhar renascentista, um sexo que parece outro como nestas grandes telas; um conto de fadas delicadamente sensual ou descaradamente pornográfico como o narrado na lingerie da coleção "humor erótico".


disposta a criar um alvoroço que haverá de durar uma semana, em sampa, candelária silvestro mostra simultaneamente dois extremos de sua produção recente: os grandes formatos das telas, expostas na sala da funarte, e as cenas pintadas com delicada maestria em lingeries e telas de pequeno formato em lamínima galeria.


ambas trazem a marca inconfundível de seu traço e parecem feitas para confundir o observador, tirá-lo do massacre do cotidiano para levá-lo ao reino da fantasia, do onírico, a um mundo poroso que pode nos abrigar ou onde podemos nos refugiar mesmo sem saber se as ameaças e os temores (ou prazeres) que o lobo mau de pau duro provoca, a olho nu, podem ser observadas no microscópio ou devemos usar uma luneta, somos origem ou resultado destes devaneios, éramos antes ou somos depois destas obras e, o que, exatamente?


os deslocamentos do olhar para acertar o foco ou corrigir a mira na busca de uma resposta a essa pergunta que estas pinturas provocam, não apenas pelos formatos tão díspares nem pelos suportes tão desiguais mas pelo sadomasoquismo (uma palavra forte mas não achei outra tão apropriada e contundente) que evocam e parece subjazer nelas, instigam uma reflexão tão própria da arte quanto "antes, despues" o poema de julio cortázar que cito, aqui, no original:









Como los juegos al llanto


como la sombra a la columna


el perfume dibuja el jazmín


el amante precede al amor


como la caricia a la mano


el amor sobrevive al amante


pero inevitablemente


aunque no haya huella ni presagio





aunque no haya huella ni presagio


como la caricia a la mano


el perfume dibuja el jazmín


el amante precede al amor


pero inevitablemente


el amor sobrevive al amante


como los juegos al llanto


como la sombra a la columna





como la caricia a la mano


aunque no haya huella ni presagio


el amante precede al amor


el perfume dibuja el jazmín


como los juegos al llanto


como la sombra a la columna





assim ficamos, candelária, "las huellas que dejan tu pintura" e o presságio que anunciam, muito tempo haverão de demorar, por aqui, para serem esquecidas.


miguel paladino, setembro 2018








quinta-feira, 21 de junho de 2018

JC, um modelo para armar com Miguel paladino, Domingo dia 24!





Encontro que apresenta e celebra a obra de Julio Cortázar coordenado por miguel paladino em la mínima galeria. Uma iniciativa do cronópio gustavo galo que alistou seus amigos para assistir a performance do paladino que fará ouvir gravações, músicas, leituras e assistir filmes e documentários sobre a obra deste autor considerado por muitos como um dos melhores das letras castellanas ou da língua espanhola como é conhecido o idioma de Cervantes no brasil.

contribuição consciente: O evento não tem preço fixo nem é de graça, vamos cuidar de todos e valorizar a contribuição de cada um.